Ainda não somos 11

 


É constrangedor o esforço que o advogado Marco Aurélio faz para “inocentar” Lula de não escolher uma mulher para o STF. 

Não, o fato de já termos conquistado algo, não diz que temos a quantidade ótima. O fato de Lula ter escolhido mais mulheres que outros não o exime de se responsabilizar pelas próximas escolhas. Não o exime de haver 2 mulheres e que, se não houver 1 mulher escolhida agora, será apenas uma pelos próximos 5 anos.  E eu, diferente dele, não acho, de antemão, que Lula deva ser candidato para, caso ele vença as eleições, poder escolher 1 mulher na próxima oportunidade. Lembra a situação de crianças, né, na volta a gente compra! 

Em uma coisa ele está certo: é horrível que não tenhamos paridade na composição das listas de escolhidos para os tribunais.  É um problema que o grupo @paridadedeverdade, que me orgulha, está tentando pautar com bravura. É um problema que a OAB não se comprometa com essa pauta. É um problema que agora, na lista para o STJ apresentada pela Ordem para a composição do quinto constitucional haja, apenas UMA mulher! Mas ainda que fosse diferente e houvesse paridade nas listas, estamos falando de tribunais. Não do STF. Não da escolha do presidente. 

Talvez esteja tudo meio turvado, e haja uma confusão sobre a escolha pessoal do presidente e escolha pessoal de Lula. O presidente da república o é investido de um cargo, escolhido em nome de um projeto de país. E o projeto que venceu é inclusivo e comprometido com a diversidade. A escolha do presidente deveria ser reflexo desse projeto. 

A presença de mais mulheres e de mulheres negras no judiciário não pode ser tratada como benesse. Não pode ser tratada como concessão. É responsabilidade com a diversidade. Com a melhor prestação jurisdicional. Levarmos pontos de vistas diferentes, trajetórias de vidas diferentes para a cúpula do judiciário é garantir que temas relevantes para a sociedade terão multiplicidade de olhares. Não há, no Brasil que já tem mais advogadas que advogados inscritos na OAB e entre as magistradas que são 38,8%  mulheres com notório saber jurídico e reputação ilibada? Há duas mulheres no STF, entre 11 juízes. No STJ elas são 6 entre 33. Nenhuma negra. Melhoremos! 

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